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Reaproveitar materiais renova vidas

Edilza de Lima no ateliê Maneirartes. Imagem: Jônathas Barros/Comunicação SEDEPE

 

Empreendedores beneficiados pela SEDEPE transformam pneus em artesanato e produzem renda para a família

 

A compreensão de que os recursos naturais não são inesgotáveis e de que é urgente proteger o meio ambiente tem sido, cada vez mais, difundida nas últimas décadas. Entre as diversas campanhas feitas em torno da temática no mundo, está o Junho Verde, um mês voltado à conscientização de pessoas, empresas e entes públicos sobre educação ambiental.

 

Para fechar o mês da campanha lembrando que as ações precisam ser contínuas, conversamos com a artesã Edilza Maria de Lima, fundadora do grupo Maneirartes. O empreendimento de Economia Solidária existe desde 2016, em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife, reaproveitando pneus descartados para produzir peças que vão desde utensílios domésticos, como bandejas e espelhos, a artigos decorativos para jardins de portes variados.


A equipe que desenvolve as etapas de produção é composta por Edilza e parentes dela, contemplando três núcleos familiares. O trabalho, ao mesmo tempo em que reduz a quantidade de resíduos sólidos jogados no meio ambiente, chama a atenção para o potencial de geração de valor a partir da reciclagem e para a importância da destinação adequada de materiais usados pela população. Aquilo que é lixo para alguns é transformado em arte e fonte de renda para os integrantes do Maneirartes.

 

Acompanhe abaixo a conversa que tivemos com a artesã:

 

SEDEPE – Como começou o seu contato com o artesanato e a reciclagem?

EDILZA – Eu sempre gostei muito de pintar, desenhar… Minha mãe fazia isso, meus tios também. Então, eu queria um local onde eu pudesse colocar meu gosto por arte. Fui procurar alguma matéria-prima mais em conta e que, ao mesmo tempo, me permitisse ajudar a reduzir um pouco os problemas que o planeta vem enfrentando. Eu já estudava sobre Logística Reversa e o uso de pneus. Assim, quis fazer com que o pneu deixasse de ser um possível lixo e uma questão para a saúde pública — com o acúmulo de água e proliferação de mosquitos —, passando a usá-lo como base para a minha pintura.

 

SEDEPE – Qual a proporção da temática ambiental dentro do seu trabalho? Você pensa nisso desde o momento de idealizar as peças?

EDILZA – Sim. Eu travei na hora de ter que cortar e jogar sobras de material no lixo. Foi aí que minhas araras passaram a ser todas de caudas longas, porque o pneu vai inteiro. A borracha que eu jogo fora é apenas o pozinho dos furos que faço para parafusar as peças. Desde 2016, nós já resgatamos e reaproveitamos mais de 4,5 mil pneus. Também reaproveitamos vidros, madeiras e materiais descartados pela construção civil.

 

SEDEPE – Qual o destino da sua produção e o que esse trabalho representa para a renda dos envolvidos?

EDILZA – A gente comercializa o artesanato por meio das redes sociais, atendendo a encomendas, e em espaços como feiras agroecológicas. As peças dão ao ambiente um aspecto sustentável, agradável e bonito. Além dos vasos e artigos decorativos, temos móveis, como balanços e cadeiras, que são muito confortáveis. Hoje, a minha renda e da minha família é totalmente retirada desse trabalho que a gente faz com tudo o que reaproveita.

 


Suportes para plantas e outros artigos para jardins estão entre as especialidades
do Maneirartes. Imagem: Jônathas Barros/Comunicação SEDEPE

 

SEDEPE – Como você conseguiu estruturar o seu negócio?

EDILZA – Trabalhar com pneus requer muitos recursos, como o maquinário, que é caro. Além disso, quando comecei a cultivar e vender plantas para colocar nas peças, precisei de autonomia hídrica. Consegui estrutura para isso com um financiamento viabilizado pela Agência de Empreendedorismo de Pernambuco (AGE), vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Profissional e Empreendedorismo do Estado (SEDEPE). Todo esse financiamento foi quitado com as coisas que a gente faz. Também é com o apoio do Estado que a gente consegue dar uma visibilidade imensa ao nosso trabalho, expondo num evento de expressão internacional, que é a Fenearte. A presença das peças da Maneirates está garantida na feira, graças ao espaço concedido no estande institucional da Secretaria.

 

SEDEPE – Qual reflexão você sugere para toda a sociedade sobre o comportamento relacionado ao uso e descarte de materiais?

EDILZA – Eu acredito muito nos 5 “R’s” (cinco erres). As pessoas têm que tomar certas consciências sobre o consumo de materiais, no sentido de reutilizar, repensar, reciclar, recusar e reduzir. Todo esse processo já começa na nossa educação doméstica. O que não tem outro jeito é preciso descartar, mas a forma como é feito esse descarte é muito importante. A coleta seletiva, por exemplo, é uma ferramenta também para geração de renda. Tem uma parcela da população que usa suas habilidades para aproveitar esses resíduos e viver dessa atividade. É importante criar essa conscientização junto aos adultos e às crianças.

 

O papo que tivemos com Edilza no espaço do grupo Maneirartes também pode ser visto nas redes sociais da SEDEPE (Instagram, Facebook e YouTube).

 

 

Por: Betânia Ribeiro/Comunicação SEDEPE.

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